terça-feira, 12 de abril de 2016

Silêncio

Faz tanto tempo que eu não escrevo nada que eu queria parar por um momento e dizer algo novo. Eu queria dizer alguma coisa mesmo sem ter nada para dizer. É irônico, pois o silêncio que existiu durante todo esse tempo não foi por não ter nada a dizer e sim por talvez já ter me cansado da maneira com que dizia.
Normalmente é assim que acontece. Já parei uma vez de escrever músicas para escrever histórias. Parei de escrever histórias para escrever crônicas. E também parei de escrever crônicas para escrever reflexões. Finalmente parei de escrever reflexões para não escrever mais nada. A verdade é que não faz diferença o formato contanto que se tenha algo a dizer para alguém que seja. Não que eu tenha parado por não querer dizer nada, mas sim por também haver significado no silêncio.
Existe, por exemplo, o silêncio significativo. Aquele que diz, mesmo sem dizer, e quem realmente te conhece sabe o que se passa sem precisar perguntar. Mas também existe o silêncio indiferente. Aquele que não diz por não ter a mínima vontade de dizer. Não podemos esquecer o silêncio avaliativo. Aquele que não diz, mesmo querendo muito dizer, e aguarda pelo melhor momento que muitas vezes nunca vem.
Além desses exemplos, ainda existem tantas outras formas de silêncio que eu não consigo descrever agora. O silêncio pode dizer mais do que muitas palavras, pois o que define o significado em um processo comunicativo não é apenas o que é dito ou como é dito, mas principalmente quem o recebe. Acho que é esse fator que me faz cansar dos formatos.
A verdade é que dizemos o que dizemos mais para a gente mesmo do que para os outros. É aí que mora o principal problema. Não faz diferença se alguém quer ouvir, ou se alguém precisar ouvir. Simplesmente dizemos. Ou não. E quase ninguém entende. A gente tem que sempre tentar se explicar de uma forma ou de outra. Mais do que ser contrariado, o que me irrita mesmo é não ser compreendido. Como já disse uma vez em uma música: “Quem dera alguém pudesse me entender, eu estaria satisfeito mesmo estando errado”.
É por isso que estou sempre mudando. Mudando o jeito de dizer, mudando o que eu tenho para dizer, mudando para quem eu digo. Tentando o tempo todo diminuir o desgaste entre locutor e receptor. Não é que me sinta equivocado ou incompreendido constantemente, mas na maioria das vezes por detestar soar repetitivo ou dizer algo para quem não quer ouvir. Quase sempre isso é notável.
Esse texto é um exemplo vivo de que o mais engraçado é que às vezes temos tanto a dizer e não dizemos nada, e outras tantas vezes não temos nada a dizer e dizemos mesmo assim.

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